Plano de ação
Em Portugal, o território piloto situa-se no Concelho de Braga e é constituído por bairros municipais, cujos moradores possuem baixos recursos financeiros e, por isso, se encontram em situação de vulnerabilidade à pobreza energética. A maioria destes moradores não possui disponibilidade financeira para investir em medidas de melhoria na sua habitação. Face às restrições económicas identificadas, o plano de ação para Braga centra-se em intervenções simples, de baixo custo ou comportamentais que visam contribuir para aliviar a pobreza energética nestas comunidades. O plano de ação, para o piloto português, contempla intervenções de categorias distintas: aquecimento ambiente; produção de água quente sanitária (AQS); eletricidade; combustíveis líquidos/setor dos transportes e resposta à procura.
Aquecimento ambiente
- Fechar as portas das divisões sem aquecimento
- Fechar as persianas/telas (janelas antigas e em mau estado de conservação)
- Abertura de janelas para garantir a ventilação eficiente das divisões
- Isolar fendas, fissuras e correntes de ar, nas portas e janelas, para evitar perdas de calor
- Isolamento da cobertura
As intervenções previstas para a categoria aquecimento ambiente, visam reduzir as perdas de calor nas janelas, portas e cobertura. No caso das janelas e portas, as intervenções são principalmente comportamentais e de baixo custo. Para estas intervenções, a campanha irá destacar os benefícios imediatos, em concreto, o aumento do conforto; a redução de custos e a redução do impacto ambiental. A concretização destas intervenções será suportada, essencialmente, na utilização de recursos audiovisuais, tais como cartazes, folhetos ou vídeos, que facilitem a perceção, por parte dos cidadãos, dos benefícios associados às intervenções do tipo comportamental.
O isolamento da cobertura consiste numa intervenção mais específica, cuja execução exige competências técnicas particulares. No entanto, a campanha pretende dar a conhecer histórias de sucesso que demonstrem a redução alcançada na fatura de energia e o aumento do conforto térmico dos ocupantes, após a concretização desta intervenção. Promover a cooperação com o município ou entidades privadas, com competências nesta área, poderá alavancar a concretização desta intervenção. Em concreto, através da disponibilização de incentivos financeiros para a sua execução.
Água Quente Sanitária (AQS)
- Preferência pelo duche em detrimento do banho de imersão
- Redução da quantidade de água utilizada durante o duche
- Reduzir o tempo no duche
- Reduzir a temperatura da água do duche
- Ajustar o sistema de produção de AQS em função das temperaturas sazonais
Para a categoria AQS, as intervenções previstas são maioritariamente do tipo comportamental. A única exceção corresponde à intervenção relativa à redução da quantidade de água utilizada durante o duche, na medida em que poderá contemplar a aquisição de um chuveiro economizador. Atendendo à natureza destas intervenções, o foco será na concretização de uma campanha de promoção da eficiência hídrica. Serão utilizados recursos audiovisuais adequados ao fim em questão e será avaliada a possibilidade de oferta de alguns materiais/equipamentos aos participantes (por exemplo: autocolantes sobre o tema da eficiência hídrica para utilização na casa de banho /cozinha; temporizador para o duche; etc.) por forma a incentivar a adoção de hábitos diários mais eficientes.
Uma vez que, estas intervenções envolvem vários ajustes, nomeadamente ao nível dos setpoints dos equipamentos, temperatura e quantidade de água utilizada nos chuveiros, prevê-se um forte impacto nos hábitos diários e na perceção de conforto por parte dos utilizadores. Neste caso, o desafio poderá estar em conseguir vencer alguma resistência- inicial à mudança de comportamentos dos utilizadores. Assim, o sucesso desta campanha de promoção da eficiência hídrica, junto dos cidadãos, exige um esforço de sensibilização para os efeitos imediatos da adoção de hábitos diários de eficiência hídrica.
Eletricidade
- Desligar as luzes quando se ausentar de uma divisão
- Nas lavagens de roupa/loiça não recorrer à pré-lavagem
- Prefira os programas “Eco” nas lavagens de roupa/loiça
- Sempre que possível, utilize o estendal para secar a roupa
- Quando cozinhar utilize a tampa
- Utilize o micro-ondas para cozinhar pequenas porções em detrimento do fogão/forno
- Desligar o forno/fogão elétrico 5 minutos antes do final da cozedura
- Descongele o frigorífico e o congelador, se aplicável
- Avaliar o contrato de fornecimento de energia (tarifas de potência e eletricidade)
- Monitorizar os consumos de energia
- Utilizar iluminação LED (se aplicável, combinada com sensores de movimento)
- Instalação de tomadas “on/off” para eliminar os consumos em standby
- Substituir equipamentos elétricos pouco eficientes e/ou em fim de vida por outros de elevada eficiência energética (frigoríficos; combinados: máquinas de lavar roupa/loiça)
As intervenções contempladas no plano de ação para a categoria eletricidade são de todos os tipos: comportamentais, investimento quase nulo e pequeno investimento. Estas intervenções visam reduzir o consumo de energia e, por conseguinte, a fatura respetiva. No entanto, atendendo ao público-alvo, poderá haver a perceção que estas intervenções resultam em benefícios pouco significativos. A maioria dos residentes não paga a sua fatura de eletricidade, ou esta representa um encargo reduzido, face aos preços mais baixos da energia ou às tarifas especiais disponíveis para os cidadãos economicamente mais vulneráveis.
De entre as intervenções identificadas, destaca-se a substituição de equipamentos elétricos ineficientes, como uma medida com um potencial significativo de redução do consumo de energia. No entanto, esta intervenção requer uma abordagem cautelosa, uma vez que os equipamentos com elevada eficiência energética, em geral, representam custos iniciais mais elevados. Assim, os cidadãos/consumidores finais terão acesso a informação simplificada sobre como realizar uma compra informada, que resulte na opção por equipamentos elétricos mais ajustados às suas reais necessidades e tendo em conta critérios de eficiência energética.
Combustíveis líquidos/setor dos transportes
- Carpooling (Sistema de boleias partilhadas)
- Deslocações utilizando a bicicleta (s/apoio elétrico)
A dinamização da campanha “Hábitos de mobilidade sustentável” será o mote para esta categoria, visando sensibilizar para os benefícios ambientais, económicos e para a saúde da adoção de práticas de mobilidade sustentável. Ao evidenciar os impactos positivos para a saúde, a campanha salienta de que forma andar de bicicleta, por exemplo, pode contribuir para o controlo eficaz do peso corporal, prevenir doenças cardiovasculares e melhorar o tónus muscular, entre outros benefícios.
É expetável que o público-alvo desta iniciativa corresponda a um grupo restrito de cidadãos com consciência ambiental, interessados em opções de transporte sustentáveis e que normalmente fazem deslocações de curta e média distância. Ainda que esta campanha possa enfrentar alguns desafios para ganhar a adesão plena dos residentes, o facto de abordar o tema da saúde que, em geral, é considerado interessante e oportuno poderá facilitar a abordagem à comunidade. Como iniciativa de sensibilização, procura promover discussões relevantes e inspirar mudanças comportamentais a longo prazo no domínio da mobilidade sustentável.
Resposta à procura
- Melhoria do autoconsumo de energia elétrica
Levar a cabo uma campanha de promoção do autoconsumo de energia solar irá contribuir para priorizar a sensibilização dos cidadãos sobre a importância da criação de comunidades de energia renovável, dando a conhecer o seu modelo de funcionamento, destacando as áreas focais e benefícios a longo prazo. A apresentação de casos de sucesso, de comunidades de energia renovável, desempenhará um papel fundamental para a boa implementação da campanha, funcionando como fonte de inspiração e motivação para os cidadãos. O objetivo passa por fomentar o interesse e incentivar a criação de novas comunidades de energia no concelho de Braga, salientando o seu potencial para impulsionar práticas energeticamente mais sustentáveis e fortalecer a resiliência energética no contexto local.